Arquivo mensal: janeiro 2014
Tra(ou RE)dução de Quasimodo
Avidamente allargo la mia mano
In povertà di carne, come sono
eccomi, Padre; polvere di strada
che il vento leva appena in suo perdono.
Ma se scarnire non sapevo un tempo
la voce primitiva ancora rozza,
avidamente allargo la mia mano:
Dammi dolore cibo cotidiano
Avidamente, estendo minha mão
Na pobreza da carne, eis-me entregue
a Vós, Senhor, tal como sou: poeira
do caminho, por teu perdão erguida.
Mas se descarnar eu não soube outrora
aquela voz primaria, então grosseira,
avidamente estendo as minhas mãos:
Dá- me da dor, do pão cotidiano
T.
+
A vida é pouca a vida é pouca
Todo o tempo me consome
Com quedas de dente na boca
A vida é pouca a vida é pouca
Apagá-la-ei como numa lousa
A vida é pouca a vida é pouca
Joana não mais me ama
E, creio, está ficando louca
A vida é pouca a vida é pouca
Ganhei de presente
O cante hondo de Garcia lorca
A vida é pouca a vida é pouca
Só durmo e como
E estou ficando como orca
A vida é pouca a vida é pouca
Anjo , coitado,
Ele é quem tem auréola torta
A vida é pouca a vida é pouca
Já não faço mais amor sem roupa
A vida é pouca a vida é pouca
O próprio Deus foi quem fechou a porta
A vida é pouca a vida é pouca
o corvo chama no quintal a toda hora
A vida é pouca a vida é pouca
São poucos os cubos no copo
A vida é pouca a vida é pouca
E mais pouco é o corpo
A vida é pouca a vida é pouca
Maldito o dia em que meu pai
Cuspiu sua porra
A vida é pouca a vida é pouca
Pago-te com piparotes
E vou me embora
T.