Tra(ou RE)dução de Quasimodo

Avidamente allargo la mia mano

 

In povertà di carne, come sono

eccomi, Padre; polvere di strada

che il vento leva appena in suo perdono.

 

Ma se scarnire non sapevo un tempo

la voce primitiva ancora rozza,

avidamente allargo la mia mano:

Dammi dolore cibo cotidiano

 

Avidamente, estendo minha mão

 

Na pobreza da carne, eis-me entregue

a Vós, Senhor, tal como sou: poeira

do caminho, por teu perdão erguida.

 

Mas se descarnar eu não soube outrora

aquela voz primaria, então grosseira,

avidamente estendo as minhas mãos:

Dá- me da dor, do pão cotidiano

 

T.

 

+

A vida é pouca a vida é pouca

Todo o tempo me consome

Com quedas de dente na  boca

A vida é pouca a vida é pouca

Apagá-la-ei como numa lousa

A vida é pouca a vida é pouca

Joana não mais me ama

E, creio, está ficando louca

A vida é pouca a vida é pouca

Ganhei de presente

O cante hondo de Garcia lorca

A vida é pouca a vida é pouca

Só durmo e como

E estou ficando como orca

A vida é pouca a vida é pouca

Anjo , coitado,

Ele é quem tem  auréola torta

A vida é pouca a vida é pouca

Já não faço mais amor sem roupa

A vida é pouca a vida é pouca

O próprio Deus foi quem fechou a porta

A vida é pouca a vida é pouca

o corvo chama no quintal a toda hora

A vida é pouca a vida é pouca

São poucos os cubos no copo

A vida é pouca a vida é pouca

E mais pouco é o corpo

A vida é pouca a vida é pouca

Maldito o dia em que meu pai

Cuspiu sua porra

A vida é pouca a vida é pouca

Pago-te com piparotes

E vou me embora

 T.